Schlomo Sand

Sumário
PREFÁCIO | Um aglomerado de memórias
Identidade em movimento e a Terra Prometida
Memória construída e contra-história
PRIMEIRA PARTE | Construir nações. Soberania e igualdade
“Léxico” — povo e etnia
A nação — murar e delimitar
Da ideologia à identidade
Do mito étnico ao imaginário cívico
O intelectual, “príncipe” da nação
SEGUNDA PARTE | “Mito-história”: no princípio, Deus criou o povo
Esboço do tempo judaico
O Antigo Testamento como “mito-história”
Raça e nação
Um debate de historiadores
Um olhar protonacional da perspectiva do “Oriente”
Uma etapa etnicista da perspectiva do “Ocidente”
O início da historiografia em Sião
Política e arqueologia
A terra se revolta
A Bíblia como metáfora
TERCEIRA PARTE | A invenção do exílio. Proselitismo e invenção
O ano 70 da era cristã
Exílio sem expulsão — uma história em zona obscura
O “povo” emigrado contra sua vontade
“Muitas pessoas dentre os povos do país se tornaram judias”
Os hasmoneus impõem o judaísmo a seus vizinhos
Da área helênica à Mesopotâmia
Proselitismo judaico no império romano
Conversão no mundo do judaísmo rabínico
Do “triste” destino dos habitantes da Judeia
Memória e esquecimento do “povo do país”
QUARTA PARTE | Redutos de silêncio. Em busca do tempo (judaico) perdido
A “Arábia feliz” — Himiar se converte ao judaísmo
Fenícios e berberes — Kahina, a rainha misteriosa
Khagans judeus? Um estranho império se ergue ao leste
Os khazares e o judaísmo — uma história de amor
A pesquisa moderna diante do passado khazar
O enigma — a origem dos judeus do Leste Europeu
QUINTA PARTE | A distinção: política identitária em Israel
Sionismo e hereditariedade
A marionete “científica” e o corcunda racista
Construir um estado “étnico”
“Judeu e democrático” — um oximoro?
Etnocracia na era da mundialização
AGRADECIMENTOS À EDIÇÃO FRANCESA

Uma nação […] é um grupo de pessoas unidas por um erro comum emrelação a seus ancestrais e uma aversão
comum em relação a seus vizinhos.*
Karl W. Deutsch,
Nationalism and Its Alternatives, 1969.
Penso não ter sido capaz de escrever o livro que escrevi sobre o nacionalismo se não fosse capaz de chorar, com a
ajuda de um pouco de bebida alcoólica, escutando canções folclóricas […].**
Ernest Gellner,
“Replay to Critics”, 1996.
Este livro não é obra de pura ficção. Ele ambiciona ser um ensaio com caráter histórico.
Inicia-se, no entanto, por vários relatos alimentados de lembrança, nos quais a
imaginação, até certo ponto, corre solta. A experiência vivida sempre se entremeia, mais
ou menos dissimulada, nos bastidores dos relatos de pesquisa, mas é possível desvelá-la,
mesmo que escondida e comprimida, nas dobras espessas da teoria. Algumas lembranças
são voluntariamente desveladas no início desta obra: constituem uma espécie de
trampolim usado pelo autor na sua busca pela verdade, objetivo de cujo caráter ilusório
ele está bem consciente.
A precisão na descrição das situações e dos encontros apresentados aqui é aleatória;
sabendo que não se pode confiar inteiramente na memória individual, uma vez que não
se sabe com qual tinta é escrita, é melhor considerá-las, em parte, como relatos
imaginários. Sua ressonância, às vezes irônica, às vezes melancólica, servirá como
moldura para as teses centrais propostas neste livro, e o leitor descobrirá pouco a pouco
sua relação, provavelmente perturbadora, com elas. Os ecos de ironia e de tristeza,
inextricavelmente mesclados, constituem a música de fundo de um relato crítico que se
debruça sobre fontes históricas e sobre a práxis da política das identidades em Israel

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